Por  - iG São Paulo |  - Atualizada às 
-  Sergio Lima/Folhapress
 
Denunciado por corrupção e lavagem de dinheiro no esquema de corrupção 
na Petrobras, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aposta no
 antipetismo, na baixa popularidade do governo Dilma Rousseff e no 
corporativismo dos parlamentares para manter-se no cargo e neutralizar o
 grupo de deputados que pretendem afastá-lo.
Na quinta-feira 
passada, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou ao 
Supremo Tribunal Federal acusação formal contra Cunha. A denúncia 
instaurou na Câmara um movimento pelo afastamento do peemedebista do 
comando da Casa.
Mas, segundo interlocutores do deputado 
fluminense, num cenário adverso, a estratégia de Cunha será radicalizar o
 discurso contra o PT e o governo Dilma para tentar sobreviver às 
investidas de grupos opositores.
Conta para tanto com a 
insatisfação da população com o governo e a avaliação de grande parte 
dos parlamentares de que colocar-se perante suas bases ao lado da 
petista não rende dividendos políticos - ainda mais com a proximidade 
das eleições municipais de 2016.
"Na minha base eleitoral ainda 
não se vê nenhum desgaste pelo fato de estar ao lado do Cunha, pelo 
contrário, esse posicionamento dele, de confronto ao governo, tem sido 
visto de forma positiva", disse um líder da Câmara sob a condição de 
anonimato.
Cunha mantém influência sobre uma bancada 
suprapartidária distribuída em partidos como PSD, PSC, PP, PR, PTB, 
PSDB, DEM e boa parte do PMDB da Câmara, que tem ainda como triunfo 
político o avanço da pauta conservadora na Câmara neste ano: a chamada 
bancada "BBB", alusão às iniciais de "Boi, Bala e Bíblia" - referências 
às bancadas ruralista, da segurança e os evangélicos.
As 
iniciativas em defesa de Cunha também são ancoradas no sentimento de 
corporativismo entre os parlamentares, outro alicerce em que o 
peemedebista vai se escorar para se manter no posto. Os desdobramentos 
das investigações da Operação da Lava Jato são considerados por vários 
políticos como uma "metralhadora giratória", que inicialmente têm como 
alvo 35 parlamentares, entre deputados e senadores. Mas cujo número 
poderá crescer conforme avançam as investigações e o número de 
delatores.
Nesse sentido, muitos parlamentares avaliam que 
também poderão ter o mesmo destino de Cunha e serem denunciados por 
Janot por envolvimento no esquema de desvio de recursos da Petrobras. As
 informações são do jornal O Estado de S. Paulo.








