28/04/2012 - 17h15
    
fonte Agencia Brasil 
 Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
 Brasília – Aproximidamente 25% dos professores que trabalham nas 
escolas de educação básica do país não têm diploma de ensino superior. 
Eles cursaram apenas até o ensino médio ou o antigo curso normal. Os 
dados são do Censo Escolar de 2011, divulgado este mês pelo Instituto 
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep).
 Apesar de ainda existir um enorme contingente de professores que não 
passaram pela universidade – eram mais de 530 mil em 2011 – o quadro 
apresenta melhora. Em 2007, os profissionais de nível médio eram mais de
 30% do total, segundo mostra o censo. Para o presidente da Confederação
 Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Roberto Leão, os números
 são mais um indicativo de que o magistério não é uma carreira atraente.
 “Isso mostra que as pessoas estão indo lecionar como última opção de 
carreira profissional. Poucos profissionais bem preparados se dedicam ao
 magistério por vocação, uma vez que a carreira não aponta para uma boa 
perspectiva de futuro. Os salários são baixo, e as condições de trabalho
 ruins”, explica.
 A maior proporção de profissionais sem formação de nível superior está 
na educação infantil. Nas salas de aula da creche e pré-escola, eles são
 43,1% do total. Nos primeiros anos do ensino fundamental (1º ao 5º 
ano), 31,8% não têm diploma universitário, percentual que cai para 15,8%
 nos anos finais (6° ao 9º ano). No ensino médio, os profissionais sem 
titulação são minoria: apenas 5,9%.
 Para a presidenta da União Nacional dos Dirigentes Municipais de 
Educação (Undime), Cleuza Repulho, é um “grande equívoco pedagógico” 
colocar os professores menos preparados para atender as crianças mais 
novas. “No mundo inteiro é exatamente o contrário, quem trabalha na 
primeira infância tem maior titulação. Quando o professor entra na rede 
vai para a educação infantil quase como que um 'castigo' porque ela não é
 considerada importante. Mas, na verdade, se a criança começa bem sua 
trajetória escolar, as coisas serão bem mais tranquilas lá na frente”, 
pondera.
 Segundo Cleuza, o nível de formação dos professores varia muito nas 
redes de ensino do país. Enquanto em algumas cidades quase todos os 
profissionais passaram pela universidade, em outras regiões o percentual
 de professores que só têm nível médio é superior à média nacional. 
“Temos, às vezes, uma concentração maior de professores sem titulação em
 alguns locais do Brasil, como a Região Norte, por exemplo, onde as 
distâncias e as dificuldades de acesso impedem que o professor melhore 
sua formação”, aponta.
 O resumo técnico do Censo Escolar também destaca que em 2010 havia mais
 de 380 mil profissionais do magistério matriculados em cursos 
superiores – metade deles estudava pedagogia. Isso seria um indicativo 
de que há um esforço da categoria para aprimorar sua formação. Mas o 
presidente da CNTE ainda considera “muito alto” o número de professores 
sem diploma universitário, especialmente porque nos últimos anos foram 
ampliados os estímulos para formação de professores nas instituições 
públicas e privadas de ensino superior.
 Uma das alternativas para quem já atua em sala de aula e quer aprimorar
 a formação é a modalidade do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) 
para licenciaturas. O programa paga as mensalidades de um curso em 
faculdade particular e depois da formatura o estudante pode abater sua 
dívida se trabalhar em escolas da rede pública – cada mês em serviço 
abate 1% do valor.
 “Os programas são oferecidos, mas as condições não são dadas aos 
professores para que eles participem. O professor não tem, por exemplo, a
 dispensa do trabalho nos dias em que ele precisa assistir às aulas. As 
prefeituras e governos estaduais que deveriam ser os primeiros 
interessados acabam não estimulando o aprimoramento”, diz Roberto Leão.
 Edição: Talita Cavalcante
Nenhum comentário:
Postar um comentário