22/02/2012 - 16h50
Daniella JinkingsRepórter da Agência Brasil
Brasília – Com o tema Fraternidade e Saúde Pública, a Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou hoje (22) a 49ª Campanha da
Fraternidade, que pretende sensibilizar os fiéis sobre a situação das
pessoas que enfrentam longas filas de atendimento e falta de vagas em
hospitais públicos do país. Para o secretário-geral da CNBB, dom
Leonardo Steiner, não é exagero dizer que a saúde pública no país não
vai bem.
De acordo com ele, é preocupante a decisão do governo de cortar cerca
de R$ 5 bilhões da área de saúde. “Os problemas verificados na área da
saúde são reflexo do contexto mais amplo de nossa economia de mercado,
que não tem, muitas vezes, como horizonte, os valores ético-morais e
sociais”.
No texto-base da campanha, a CNBB expõe as grandes preocupações da
Igreja com relação à saúde pública, como a humanização do atendimento
aos pacientes e o financiamento da saúde pública, classificado pela
confederação, como “problemático e insuficiente”. A entidade critica
ainda a escassez de recursos destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS).
O texto da campanha compara os gastos da saúde no Brasil com o de
alguns países em que 70% do que é dispendido na área vêm do governo e
30%, do contribuinte. Já no Brasil, em 2009, o governo foi o responsável
por 47% (R$ 127 bilhões) dos recursos aplicados na saúde, enquanto as
famílias gastaram 53% (R$ 143 bilhões).
No entanto, segundo dom Leonardo, a Igreja reconhece também alguns
avanços na área, como a redução da mortalidade infantil, a erradicação
de algumas doenças infecto-parasitárias e o aumento da eficiência da
vacinação e do tratamento da aids. “São significativos os avanços
verificados nas últimas décadas na área da saúde pública”.
De acordo com o ministro da saúde, Alexandre Padilha, que participou do
evento, este ano a saúde terá orçamento 17% maior que em 2011, R$ 72
bilhões. “O aumento de R$ 13 bilhões é o maior aumento nominal que já
existiu de recursos para a saúde de um ano para o outro, desde o ano
2000. O meu papel como ministro não é ficar esperando os recursos virem,
mas, sobretudo, fazer mais com o que temos”.
Segundo ele, o debate sobre o financiamento da saúde continua e será
mais amplo com o apoio da campanha da fraternidade. O ministro disse
ainda que o contingenciamento de R$ 5 bilhões, com o corte do Orçamento
anunciado pelo governo na semana passada, não afetará nenhum programa da
pasta. “Tudo o que estava programado pelo Ministério da Saúde e foi
encaminhado para o Congresso Nacional está absolutamente mantido”.
Segundo o membro do Conselho Nacional de Saúde Clóvis Boufleur, a
campanha da fraternidade pretende efetivar a participação de conselhos
estaduais e municipais de saúde. Entre os temas que serão debatidos nos
conselhos, está a violência, a obesidade e a gravidez na adolescência.
“A violência dentro de casa se transformou em um problema de saúde. A
partir dos 4 anos de idade, os acidentes e a violência são as principais
causas de mortes de crianças e jovens”.
fonte: Agencia Brasil
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