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Emanuelle Coelho
A mudança é um fato, um acontecimento inerente à vida humana, e em
diferentes momentos e processos da vida, a mudança toma seu contexto de
forma branda, de forma dominante ou de forma lasciva, mas sempre
mudança.
Mudar é difícil e estranho. É como começar a aprender um novo idioma, ou
mesmo começar a utiliza-lo, antes mesmo de domina-lo. A mudança gera
essa estranheza, esse medo e essa angústia do que virá, do que será.
Mas a mudança é inerente ao ser humano. Desde o início da vida, somos
marcados pela mudança, de célula a embrião, rapidamente feto, bebê,
criança, adolescente, adulto e senil. E a morte também não pode ser
esquecida, da vida à morte (a grande mudança da vida).
Pensamos que o “monstro” da mudança está sempre à espreita, pronto para
travar uma batalha. E carregando esse sentimento, focamos os sentimentos
errados neste momento: ao invés de investirmos alegria, esperança,
vivemos a angústia na mudança.
Todo processo de mudança gera expectativa, angústia e incerteza, mas nem
sempre, as mudanças devem vir acompanhadas somente desses sentimentos. A
medida em que ela se torna mais presente e resistente, a mudança pode e
deve ser encarada de forma mais positiva e “saudável”.
No auge da angústia ocasionada pela mudança (ou pela simples ameaça
dela), a primeira das atitudes é a de “defesa”, é resistir. Mas resistir
a que? Por que? Não se sabe, apenas segura-se a essa idéia e então, se é
tomado por essa força que é física,psíquica, social, pessoal.
Normalmente, encontramos-nos muito ocupados resistindo a tudo, que nem
sempre percebemos que é justamente essa resistência que torna a mudança
tão dolorosa.
Ao pensar nesta resistência, podemos compará-la alguém que frente a uma
tempestade, briga, esbraveja ao céu que a chuva pare, e cada ora, a
chuva se intensifica, e ele continua a gritar e ordenar que a chuva
cesse. É estranho! Sabe-se que não é possível! E esta pessoa também
sabe, somente não está conseguindo ouvir a si mesma e perceber que esta é
uma luta perdida. Mas quando se está aprisionado neste sentimento,
esquece-se do que pode ser feito, e do que realmente deve ser feito. O
sujeito olha para a imensidão do céu e percebe que nada pode ser feito, e
nesta aceitação, volta-se ao equilíbrio (interno).
A cada dia, vive-se a intervenção de novas tecnologias, novos rumos são
dados ao crescimento da organização (mas sem perder-se de sua visão e
missão). E essas mudanças (que são necessárias) geram sofrimentos,
problemas, mas seu objetivo final é o CRESCIMENTO. Toda mudança vai
gerar uma quebra de paradigmas, que em alguns momentos podem levar a
sentir que se está “remando contra a maré”. Mas resistir à mudança é
negar a necessidade de crescimento, a necessidade de saber e aprender a
lidar com as novas situações que a vida está apresentando.
Mas por que a mudança assusta tanto? Podemos pensar até que
somos“treinados” para a estabilidade para regras, e quando nos deparamos
com a mudança, que desequilibra, o que é retilíneo e uniforme, perdemos
o “rumo” da ação.
Citando o filósofo Kierkegaard, que disse que toda transformação é um
renascimento e todo renascimento é também uma morte. Sai-se de um
estágio para outro. A pessoa decide se quer ou não ir adiante, e o medo
do novo traz a angústia. Esse medo do novo faz parte da angústia
existencial.
A fragilidade humana se mostra mais acentuada quando deparamos com a
necessidade da mudança. Por vezes, essa fragilidade pode bloquear, pode
trazer pensamentos que não são compatíveis, mas que impulsionam o medo, a
incerteza que a manca traz consigo. Fugir ou resistir parece ser a
melhor opção.
Neste filme, o personagem principal, Andy Dusfrene sempre acreditou em
si mesmo e na possibilidade de que poderia ser livre outra vez. Cultivou
esse sonho e fez o que pode para alcança-lo. A lição que ele deixa? Não
reclame, faça. Não chore, persista. Acredite. Busque sua felicidade,
por mais longínqua ou árdua que ela possa parecer. Aprenda com a
mudança. Aprenda com a dificuldade.
A esperança não é um estado de estagnação, nem tampouco é deixar
simplesmente que tudo aconteça por si só. Muitas coisas dependem de um
'pontapé inicial' de nós mesmos. Ter esperança não é 'ficar esperando',
mas sim, dar chance para que sonhos se concretizem e a nossa realidade
se transforme. As mudanças proporcionam novas perspectivas para os
cenários já conhecidos. É partir das mudanças que podemos mudar nossas
perspectivas, derrubar paradigmas e partir para o novo, livre de medos,
mas não de esperanças.
“...Experimente outra vez. Você certamente conhecerá coisas melhores e
coisas piores do que as já conhecidas, mas não é isso o que importa. O
mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia. Só o
que está morto não muda! ...”
Edson Marques
Sobre o Autor
Psicóloga, graduada pela Universidade FUMEC.